O Exame Nacional do Ensino Médio é porta de entrada pro Ensino Superior, substituindo muitos vestibulares. Nessa jornada repleta de desafios, a prova de Redação emerge como uma das encruzilhadas mais complexas. Afinal, como fazer uma redação para o Enem pode ser uma incógnita para muitos estudantes.
Na internet, é comum encontrar recursos que oferecem apenas dicas genéricas, em muitos casos confundindo mais do que ajudando. Neste artigo, meu objetivo é quebrar esse ciclo, fornecendo um guia didático e prático.
Continue lendo para tirar suas dúvidas!
Índice
As 5 competências do INEP
Quando sua Redação for corrigida, cinco competências serão minuciosamente avaliadas. Entendê-las é fundamental quando se trata de estudar redação para o Enem, e cada uma delas representa um pilar na construção de um texto sólido e bem fundamentado.
Competência 1: escrita formal
A primeira competência é sobre a norma culta da língua portuguesa. Aqui, o candidato deve brilhar ao expressar suas ideias de forma clara, coesa e sem desvios gramaticais, demonstrando, assim, um domínio inequívoco da língua.
Competência 2: estudo do tema e uso de conhecimentos
A Competência 2 enfatiza a importância de compreender a proposta de redação e aplicar conceitos de várias áreas do conhecimento. E primeiramente, para entender o tema, é essencial estudar os textos motivadores!
Também é interessante explorar aspectos históricos, ou citar pensadores renomados, como filósofos, sociólogos e cientistas.
Competência 3: informações e argumentação
A Competência 3 demanda a habilidade de selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações e argumentos.
Aqui, o entendimento histórico é uma qualidade desejável, permitindo a análise crítica do tema proposto sob uma perspectiva temporal. Mas, principalmente, integrar diferentes áreas do conhecimento fortalece o texto.
Competência 4: mecanismos linguísticos
A Competência 4 destaca o uso dos mecanismos linguísticos na argumentação. Isso vai além da gramática e envolve habilidades estratégicas, criativas e persuasivas para defender seu ponto de vista. Também diz respeito ao uso de conectivos.
Competência 5: proposta de intervenção
Por fim, a Competência 5 desafia o participante a elaborar uma proposta de intervenção original e clara pro problema abordado. É crucial apresentar soluções viáveis e que respeitem os direitos humanos.
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Dominando a estrutura da redação
Não tem como fazer uma redação para o Enem sem seguir uma estrutura. E a maioria dos estudantes está ciente da regra básica: introdução, desenvolvimento e conclusão. Mas essa é só a ponta do iceberg.
Introdução: como começar a redação?
Superar o fantasma da folha em branco requer, primeiramente, entender a estrutura correta para sua introdução. Ela necessita, no mínimo, de dois dos três elementos a seguir (sendo que o terceiro é obrigatório):
- Uma contextualização temporal é uma jogada estratégica. Quase qualquer tema pode ser analisado sob a perspectiva histórica;
- A visão de um pensador renomado — seja filósofo, sociólogo ou cientista. Isso traz peso e profundidade à sua introdução;
- Seu posicionamento sobre o tema: a tese da sua dissertação. É aqui que você mostra qual será o enfoque ao longo do texto. Sem isso, pode até mesmo zerar a dissertação, logo de cara.
Os itens 1 e 2 visam contemplar as exigências da Competência 3, que envolve relacionar informações de diferentes áreas de conhecimento.
Exemplos de introdução
Considere o seguinte modelo, usando os elementos 2 e 3 em um parágrafo eficaz para temas sociais:
Segundo Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, a falta de solidez nas relações sociais, políticas e econômicas é característica da modernidade líquida vivida no século XX. O tempo de duração de um relacionamento entre jovens, que vem diminuindo de forma assombrosa, reflete essa realidade.
Com apenas duas frases, o exemplo acima apresenta a teoria de um grande pensador na primeira e posiciona o autor de forma clara em relação à situação proposta — imaginando que o tema envolva a perenidade das relações amorosas entre os jovens.
Outro exemplo, agora com uma contextualização histórica, ilustra como três frases podem ser utilizadas de modo eficaz:
A Revolução Industrial, que começou na Inglaterra no século XVIII, exigiu um mercado consumidor crescente devido ao aumento da produção. Nesse sentido, o investimento em publicidade tornou-se essencial para aumentar as vendas das mercadorias produzidas. Na sociedade atual, as crianças estão entre os alvos da publicidade, e o Estado deve restringir a publicidade direcionada a elas para protegê-las de serem influenciadas.
Ao apresentar três frases, essa introdução utiliza o conhecimento histórico a fim de contextualizar um fenômeno atual, desenvolvendo o tema da Redação do Enem 2014 (publicidade infantil). A segunda frase faz uma ponte entre o passado e o presente, usando a técnica de transição. Não por acaso, essa introdução foi adaptada de uma redação nota mil.
Desenvolvimento: como argumentar?
Na arte de argumentar, a qualidade supera a quantidade — especialmente quando três ou mais argumentos em um texto de 30 linhas resultam em superficialidade. Optar por dois argumentos, dedicando um parágrafo para cada um, é o caminho pra consistência.
Além disso, quando se trata de como fazer uma redação para o Enem, a estrutura dos parágrafos não pode ser negligenciada — principalmente no desenvolvimento.
Poucos alunos são orientados sobre sua estrutura específica, mas um parágrafo de dissertação argumentativa deve ter três frases, cada uma com um propósito claro:
- Tópico frasal (1ª frase): conciso, com no máximo duas linhas, introduz o tema do parágrafo;
- Corpo do argumento (2ª frase): o cerne do parágrafo, onde a persuasão ocorre por meio de recursos como exemplos concretos, estatísticas ou argumentos de autoridade;
- Conclusão (3ª frase): síntese do parágrafo, estabelecendo uma ligação com o próximo argumento.
Argumentação nota mil: dicas e modelos
Em um estudo a partir do Enem 2019 (que teve como tema da Redação a democratização do acesso ao cinema no Brasil), a pesquisadora Bruna Cohen analisou 7 redações que alcançaram nota máxima.
A sacada foi: os autores não se limitaram a argumentar. O segredo estava em um texto coeso, com sequências explicativas e descritivas, e argumentação por autoridade. Os candidatos utilizaram dados, fatos e opiniões de especialistas para fortalecer a argumentação.
Se quiser conferir o estudo na íntegra, você pode clicar aqui!
Agora, observe a pirâmide da hierarquia dos argumentos, inspirada no ensaio How to Disagree, de Paul Graham:
Ela categoriza formas de discordância, alertando que argumentos baseados em contradição geralmente não são convincentes. Ao redigir, considere a pirâmide para garantir um raciocínio sólido.
Lembre-se: nessa etapa de como fazer uma redação para o Enem, você constrói argumentos para sustentar sua tese. Alguns temas exigem que você se posicione a favor, contra ou analise ambos os lados. Desenvolver um argumento para cada lado é uma estratégia eficaz.
Ao lado desses jovens, os defensores das novas tecnologias salientam seus pontos positivos. Falam da rapidez nas telecomunicações, com recursos como a internet e telefonia móvel; dos avanços no tratamento e prevenção de doenças; e, principalmente, da democratização do acesso à informação, algo que vem alterando, inclusive, o papel da escola na sociedade. Todos são argumentos plausíveis, mas deixam de lado aqueles levantados pelo grupo dos ‘apocalípticos’ — para usarmos ainda os termos do grande teórico italiano.
O trecho acima ilustra a estrutura fundamental em um parágrafo do desenvolvimento: a primeira frase introduz o tema, a segunda apresenta argumentos com exemplos concretos, e a terceira conclui, conectando-se ao próximo argumento.
Entender a estrutura do parágrafo argumentativo é crucial, mas também é vital usar os mecanismos linguísticos, como os conectivos, a fim de garantir coesão textual — um critério-chave de como fazer uma redação para o Enem.
Conclusão: como fazer a proposta de intervenção?
Para muitas pessoas, essa é a parte mais temida quando se trata de como fazer uma redação para o Enem. A Competência 5, valendo até 200 pontos (o que é muito), exige uma proposta de intervenção original e clara.
Nessa etapa, aquela estrutura básica ainda se aplica: tópico frasal + conteúdo argumentativo + frase conclusiva.
Expressões como “por fim” e “portanto” são válidas, mas evite coloquialismos excessivos, como “no fim das contas” ou “depois de tudo que foi falado”.
Quanto à proposta, muitos candidatos caem na armadilha de oferecer soluções genéricas, como “o governo deve criar leis, programas, campanhas, blá blá blá”. Embora isso não seja proibido, a originalidade faz total diferença na sua nota. Pense fora da caixa e diferencie-se dos outros participantes.
Também é crucial detalhar os meios para implementar a solução proposta. Evite soluções simplistas, como “dar comida a quem não tem”. Sua capacidade de pensar de maneira coerente e prática está em avaliação.
Propostas exemplares
A seguir, veja modelos de conclusão eficazes…
A publicidade infantil excessiva, portanto, influencia de maneira negativa tanto a infância em si como também o Brasil. O governo deve intervir nesse problema por meio de multas às empresas de publicidade que violarem os limites de faixa etária estabelecidos pelo Ministério da Infância e da Juventude. Além disso, é importante que tanto escolas como pais e responsáveis estimulem as crianças a desenvolver o hábito de leitura. Isso pode ser encorajado por meio de incentivos fiscais para famílias carentes em livrarias e papelarias, distanciando-as do padrão consumista atual. Dessa forma, o Brasil pode garantir um futuro com adultos mais conscientes. Afinal, como afirmou Platão: ‘o importante não é viver, mas viver bem’.
A primeira frase age como um tópico frasal, sintetizando ideias anteriores, seguida por uma abordagem multifacetada da solução, delineando o papel do governo, da família e da escola. A citação de Platão adiciona um toque de interdisciplinaridade entre os conhecimentos.
A iniciativa do Governo Federal, portanto, produz benefícios incontestáveis, mas ainda não plenamente aplicados. Para isso, é preciso veicular propagandas midiáticas que demonstrem as vantagens da nova lei, além de aumentar a fiscalização das vias públicas pela Polícia Militar, principalmente em regiões de maior fluxo veicular. Tais medidas devem ser associadas ao incentivo ao uso de táxis, com a redução de custos possibilitada por subsídios governamentais. Assim, será possível, ao menos, garantir a harmonia defendida por Hobbes, concordando com a ideia de ordem e progresso estampada em nossa bandeira.
A conclusão acima atende aos critérios da Competência 5, incentivando o uso de táxis por meio de subsídios governamentais e propondo soluções claras pro problema da Lei Seca.
Uma proposta de intervenção que funciona e convence apresenta soluções originais e detalha a implementação delas.
Como fazer uma redação para o Enem? | |
INTRODUÇÃO | Inicie com uma contextualização. |
Apresente sua tese de forma objetiva e firme. | |
DESENVOLVIMENTO | Use dois argumentos, cada um com o próprio parágrafo. |
Estruture os parágrafos em: tópico frasal, corpo argumentativo e conclusão. | |
Use dados, fatos e opiniões de especialistas para fortalecer a argumentação. | |
Evite superficialidade e priorize a qualidade (não a quantidade). | |
CONCLUSÃO | Retome pontos-chave e feche o raciocínio. |
Proponha uma intervenção coerente e detalhe sua implementação. | |
DICAS GERAIS | Busque cada vez mais conhecimentos, em fontes variadas, para compor seu repertório. |
Pratique regularmente para aprimorar sua escrita. | |
Revise cada texto com atenção. |
Erros para evitar
Saber como fazer uma redação para o Enem requer atenção não apenas ao conteúdo, mas também à forma. A seguir, confira alguns equívocos frequentes que podem prejudicar a sua pontuação:
- Erros gramaticais e ortográficos: evite deslizes comuns, como falta de concordância verbal e nominal, uso inadequado de pronomes e erros ortográficos;
- Fuga da norma culta: a redação do Enem exige o uso da norma culta da língua portuguesa. Evite gírias e coloquialismos, optando por uma linguagem formal adequada ao contexto acadêmico;
- Problemas de coesão e coerência: garanta que suas ideias estão conectadas de forma clara e coesa. Evite saltos bruscos entre parágrafos e certifique-se de que cada parte do texto contribui para um raciocínio progressivo;
- Repetição de palavras: varie seu vocabulário e evite monotonia — a repetição excessiva de termos prejudica a fluidez do texto. Use sinônimos e explore diferentes formas de expressar suas ideias;
- Desorganização estrutural: respeite a estrutura da redação dissertativo-argumentativa, com introdução, desenvolvimento e conclusão. Desvios podem confundir o avaliador e dificultar a compreensão do texto;
- Argumentação vaga ou confusa: certifique-se de que seus argumentos sejam claros e bem fundamentados. Evite generalizações sem embasamento e garanta que cada ponto contribua na construção do raciocínio.
- Informações irrelevantes: evite sobrecarregar seu texto com informações desnecessárias. Cada frase deve contribuir para sua argumentação e a compreensão do leitor;
Ausência de revisão: reserve tempo para uma revisão cuidadosa antes de passar a limpo! Erros que passam despercebidos comprometem a qualidade do texto.
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Agora, vamos recapitular? Neste conteúdo sobre como fazer uma redação para o Enem, você aprendeu que:
- a estrutura de uma redação vai muito além da tríade formada por introdução, desenvolvimento e conclusão;
- é imprescindível fechar a introdução apresentando a sua tese;
- escrever argumentos fortes envolve pensamento lógico, expressão persuasiva e uso adequado de elementos coesivos;
- para criar uma conclusão excelente, é necessário propor uma intervenção original e clara que defina os meios de solucionar o problema.
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Agora, com uma compreensão mais profunda de como fazer uma redação para o Enem, é hora de consolidar esses aprendizados, praticar muito e garantir uma performance excepcional nas suas futuras redações. Boa sorte!
Dica extra: vá além da redação e confira como estudar para o Enem!
PERGUNTAS FREQUENTES
1. Como fazer uma redação para o Enem?
Para fazer uma redação para o Enem, busque atender às cinco competências avaliadas. Faça uma introdução envolvente que se encerre com a tese, um desenvolvimento consistente, focado na qualidade dos argumentos, e uma conclusão que proponha intervenções originais e específicas.
2. Como entender o tema e planejar a redação?
Para entender o tema e planejar a redação do Enem, é essencial começar lendo atentamente o enunciado, identificando o contexto, o problema e as possíveis abordagens. Em seguida, organize suas ideias em um esquema ou mapa mental para garantir uma progressão coerente no texto.
3. Qual a estrutura básica de uma redação do Enem?
A redação do Enem tem a seguinte estrutura básica: introdução (tema e tese), desenvolvimento (argumentos e exemplos) e conclusão (retomada de pontos-chave e proposta de intervenção). Essa estrutura garante uma abordagem eficaz, organizada e dentro do padrão dissertativo-argumentativo.
4. Como fazer a introdução da redação do Enem?
Uma introdução impactante pode ser alcançada de várias maneiras. Iniciar com uma pergunta instigante, uma estatística surpreendente ou uma citação relevante podem funcionar muito bem. Além disso, fechar com a apresentação da tese é essencial.
5. Como argumentar na redação?
Para argumentar na redação do Enem, é essencial realizar uma análise crítica do tema proposto, coletar informações relevantes e organizá-las de maneira clara e estruturada. O uso de exemplos concretos, dados estatísticos e citações fortalece a argumentação.
6. Como fazer a conclusão do texto?
Na conclusão da redação do Enem, é importante resumir os pontos-chave do texto e apresentar uma proposta de intervenção clara e original. A proposta deve ser detalhada, viável e demonstrar compreensão profunda do impacto das sugestões.
7. Quais os principais erros na redação?
Os principais erros para evitar na redação do Enem são: falta de coesão ou coerência, erros gramaticais, desrespeito aos direitos humanos, argumentação fraca e o famoso “encher linguiça”. A prática constante é essencial para evitar esses equívocos.
8. Por que revisar a redação?
A revisão final é crucial na redação do Enem, uma vez que erros podem prejudicar a compreensão, o impacto da mensagem e a qualidade geral do texto. Portanto, sempre revise atentamente o rascunho antes de passar sua redação a limpo.
9. Como é uma redação nota mil?
Uma redação nota mil no Enem tem uma introdução clara e objetiva, argumentação bem estruturada — com o uso inteligente de dados, exemplos e referências — e uma conclusão que retoma os pontos-chave, respeita os direitos humanos e propõe uma intervenção original, coerente e específica.
10. Como estudar redação?
A melhor maneira de estudar redação abrange buscar dicas de especialistas, praticar regularmente e revisar redações anteriores para identificar pontos de melhoria. Também é essencial ler e se informar sobre diversos assuntos, enriquecendo seu repertório de ideias e argumentos.
Aprenda os segredos de cada competência na Redação do ENEM através de um treinamento completo feito por um ex-avaliador do INEP.